sábado, 4 de setembro de 2010

Um universo bem particular de silêncio e ruídos movido a esperança

O silêncio  de um homem  na sua cama, ou de olhos fechados, ou olhando o  infinito, ou nos presenteando com um lindo sorriso. Os movimentos que fazemos, conversas, músicas, tv ligada nos  canais com programação leve e colorida para estimular e alegrar. Parece que não fazem muita diferença......
Às vezes pergunta pela chave , se a casa está fechada.......
Única lembrança que persiste, as outras perguntas foram  esquecidas.....Simplesmente esquecidas.
Ontem nos deu um susto, respiração ofegante, febre.....Nova infecção que persiste.
Tem que trocar o acesso central, pequena cirúrgia  que, mesmo sendo pequena, tem seus riscos.
Hoje o médico chega para o procedimento, mais um.....Sua rotina. Para nós uma situação de muito risco. Papai fica sem entender. Explicamos. Super tenso, nervoso, mas quieto.....Bem comportado. Em um momento parece que vai dar tudo errado, mas uma manobra  do médico, tudo volta ao normal.
O médico fica admirado com a tensão da família...."Esse é procedimento  rotineiro para esses casos, com o tempo vcs acostumam"....Ele não sabe que esse nosso jeito é que é rotina. Nosso jeito de amar, nosso jeito de cuidar.
O médico que  agora o acompanha tem uma grande esperança que nos transmite boas perspectivas.
Os projetos para papai são fantásticos.
Voltar a sentar com o tratamento da escara( úlcera de  decúbito) que está sendo um sucesso.
Retirar a sonda de alimentação, a fono vai começar a fazer o desmame da sonda.
Retirar o acesso central( breve, breve....)
Já imaginamos dando voltas no jardim do prédio com papai na cadeira de rodas.
A esperança é o que nos move......Contamos sempre para ele os projetos para que ele se anime e continue colaborando para  a recuperação.
Nenhum silêncio impede  que  a gente plante esperança e  arregimente forças, desejos para  acreditar que a vida  precisa ser vivida do melhor jeito, até o último suspiro.
Enquanto papai faz silêncio, nós fazemos ruídos de desejos e esperanças.

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