sábado, 23 de outubro de 2010

Ele partiu.......

A dor da ausência de uma pessoa tão querida nos deixa  sem saber o que dizer.Então pego "emprestado" um poema para expressar o meu adeus.








"QUE DEUS GUARDE MEU PAI.....




Não passar. Ficar para semente.


Não era isto que meu pai queria?


Sentava-se na rede e adormecia


julgando ter domado a dama ausente.


E sonhava talvez. Talvez menino


montando burros bravos, nu, ao vento;


um homem é a sua ação sobre o destino.


Meu pai então fazia um movimento


e a rede, a adormecer, estremecia:


pequenos sustos no tempo, era só isto.


E escancarava os olhos duramente


para mostrar que se Ela o procurava


era de cara a cara que a encarava..




Que Deus guarde meu pai. Eternamente."






Do poeta Antonio Brasileiro Borges.

domingo, 17 de outubro de 2010

HAI KAIS , brilho para os lábios e outros presentes

Essa semana ganhei de uma linda amiga 2 presentes: um novo e um velho( foi assim que ela falou) .De imediato não entendi, mas sabia que era divino pelo brilho dos seus olhos e a alegria estampada no rosto.......Aquela alegria que realça quando sabemos que vamos fazer alguém feliz.



O mais gostoso de tudo foi abrir os presentes envolvida com a surpresa e os detalhes.


Bem, o velho era um livrinho do Millôr "usado" por isso o chamava de "velho"( um pocket) onde ela dedicava dois Hai kais para mim.


1- NOS DIAS COTIDIANOS
    É QUE SE PASSAM
     OS ANOS



2- QUANTAS PALAVRAS DE AMOR
    MORREM
    NO APONTADOR



O  presente novo: um brilho para os lábios( providencial)........ADOREI

 Outro dia ganhei um cacto com um pedido de desculpas por discordâncias.
A mensagem era mais ou menos  assim: "eu sou tão áspero quanto esse cacto". Não concordei de imediato...Cactos são fragéis, sensíveis.
Junto ganhei fazendo parte do pacote de desculpas um livro de poesias de Cecília Meireles, maravilhoso!!!!!!

 "Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira."
Cecília Meireles





domingo, 3 de outubro de 2010

Compartilhando escritos de Clarice Lispector

SE EU FOSSE EU

"Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como?não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais".
(Texto extraído do livro- Aprendendo a viver- Clarice lispector. Rio de janeiro- Rocco,2004)